Porque tão diferente

Por Israel Palma*

Imersa num imenso número de galáxias, de estrelas e de planetas e esteroides aparece a terra, original e diferente dos outros corpos celestes conhecidos até a nossa época.         No processo de formação e expansão do universo, surgiu o planeta terra, filho do sol. Obediente ao poderoso pai segue sua rota elíptica rigorosamente traçada, acompanhada pelos outros planetas, seus irmãos.

O sol trata-o como o filho predileto, não o castiga com temperaturas muito altas e nem muito baixas, cobre-o de oxigênio, estende mares, rios, montanhas e planícies em sua superfície. Enriquece-o com grande quantidade de elementos minerais, ativando-o com fenômenos meteorológicos, como chuva, neve, vento, raios e trovões. E, como bom pai, encarrega-se de iluminá-lo e enfeitá-lo com manhãs, tardes, céu azul durante o dia, coberto de estrelas à noite e com um curioso satélite, a lua, a espiar o que está abaixo, tornando-se motivo de inspiração para os poetas.

Tudo isso é pouco, comparado com a dinâmica e com o mágico som da vida, cujo eco repercute de um extremo ao outro de sua imensidão, enquanto o silêncio cósmico emudece os outros planetas.

Porque tão diferente? Será o único ninho artisticamente tecido, onde nasce, se reproduz e se alimenta a vida? Será o jardim do cosmos? Ou talvez um grande laboratório onde uma inteligência ilimitada faz suas experiências? É um indecifrável mistério a interrogar o ser pensante.

Numa estreita faixa de dez mil metros de altitude, o oxigênio permite a existência de um incalculável número de espécies animais e vegetais que exibem o espetáculo da vida numa reprodução sem fim. Cada espécie com seus respectivos indivíduos desempenha seu papel com uma nota musical insubstituível na orquestração que faz a beleza original do planeta. Embora as espécies se situem numa escala de menor para o maior desenvolvimento, todas são necessárias para a harmonia e o equilíbrio do conjunto.

O comportamento de cada espécie é determinado por uma força intrínseca à qual todos os indivíduos estão rigidamente subordinados.

Um impacto, um impasse no diferente planeta, o surgimento de um ser livre, inteligente e pensante. Não temos precisão a respeito de quando e como sua presença iniciou no Planeta terra, mas na verdade rompeu com o equilíbrio, harmonia e ordem que o determinismo garantia entre os seres vivos.

Ele tem consciência do desconhecido. Vê-se diante de perguntas sem resposta, percebe-se com uma capacidade incomparavelmente superior às outras espécies.  É o único a fazer história e consciente da própria finitude e não aceita ser um lampejo de consciência que espia o universo por um curto período e depois se apaga. Aspira uma continuidade sem limites, mas é surpreendido fatalmente pela morte que é um pulo no escuro.

Não se sabe com precisão, mas a mais de 150 mil anos o Planeta Terra carrega este estranho hóspede chamado homo sapiens, sem registro de sua origem, sem identidade, pois ainda não tem uma resposta do que ou quem ele é. Está cercado por uma imensa realidade formada por um número ilimitado de seres desafiando-o a decifrá-la.

Através da ciência e da tecnologia distanciou-se dos sapiens da pré-história, da antiguidade, da idade média, da idade contemporânea e moderna e chegou à badalada pós-moderna.

Seu domínio é implacável e avassalador sobre a matéria e seus fenômenos, transformando tudo para satisfazer os próprios interesses. Seu lema é o progresso sem limites e sem um rumo que lhe garanta um sentido para sua existência. Já projeta um substituto do sapiens, por um outro incomparavelmente mais desenvolvido produto da ciência e da tecnologia. Será apenas ficção científica ou a ambição absurda do homem se transformar em Deus?

Muitas teorias, hipóteses e revelações surgiram através da ciência, da filosofia e das religiões para desvelar o mistério do planeta terra e seu mais famoso e importante hóspede, mas continua uma incógnita saber com certeza onde mora a verdade. Se você é indiferente a tal questão pode ser comparado a uma pedra, a um vegetal, a um animal ou, como ser pensante, a um pássaro que ainda não quebrou a casca do ovo.

                                                                                                   * Israel Palma é profesor de historia da humanidade e filosofía.

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