Biorremediação de ambientes aquáticos por algas marinhas da espécie Kappaphycus alvarezii: Uma Cornucópia* de Benesses econômicas e ambientais

Pedro Paulo Ribeiro Vieira, Ph.D
Pesquisador do Instituto Virtual de Variações Climáticas da COPPE/UFRJ
Diretor Operacional da Fazenda Marinha Camiranga Ltda.

O crescimento rápido e desordenado da população mundial em regiões metropolitanas e litorâneas, assim como a expansão de atividades tecnológicas, aceleram a taxa de adição de numeroso poluentes venenosos nas águas dos rios, baias e oceanos. Especialmente de íons metálicos que acabam contaminando o meio-ambiente adjacente. Esses poluentes se tornam ainda mais perigosos devido a sua capacidade de mobilidade na água, transporte e deposito, ameaçando ecossistemas aquáticos e terrestres. As cianobactérias e macroalgas (como a Kappaphycus alvarezii, espécie em cultivo na Ilha Grande) constituem o mais ancestral grupo de organismos aquáticos e são invariavelmente afetados pela presença de íons metálicos em seus ecossistemas. As algas marinhas são desta forma, organismos que conseguem sobreviver à toxicidade destas substâncias venenosas em função de mecanismos bioquímicos, químicos e mecânicos, resultando em adsorção dos mesmos nas superfícies celulares, acumulação a partir de vias metabólicas específicas e até mesmo precipitação dos mesmos nos tecidos vegetais. A interação instantânea das algas marinhas com estes poluentes perigosos e venenosos, inclusive a nível celular, e apresentando diferentes respostas e mecanismos de tolerância e resistência ao dano por eles causados (do inglês: “algae-metal interactions”) são as bases para uma característica das mesmas chamada de fitoremediação. Em edições anteriores, já apresentamos muitas vezes as vantagens econômicas e ambientais da aquicultura da macroalga Kappaphycus alvarezii na Ilha Grande. Desde a produção de carragena (importante na indústria farmacêutica, alimentícia e de cosméticos), à fixação de carbono atmosférico, e passando pela produção de biofertilizantes e oxigenação do ambiente marinho onde se encontra, é notória a importância de participação da comunidade da Baia da Ilha Grande, principalmente dos moradores da ilha, para divulgação e cultivo desta espécie vegetal com tamanho potencial econômico para o incremento de renda doméstica. Principalmente em tempos de quarentena e pandemia de COVID-19. Agora, está sendo descoberta esta capacidade de remediação e limpeza de ambientes marinhos já poluídos ou contaminados com matéria orgânica, metais pesados ou substâncias radioativas. Contribuindo ainda mais para a necessidade de estímulo em todas as esferas da administração pública para a consolidação do cultivo desta macroalgas em regiões costeiras de todo o Estado do Rio de Janeiro e do Brasil.
*Na mitologia grega, uma cornucópia é uma fonte inesgotável de alimentos e riqueza.

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