Simplesmente Angra

Por: Nelson Palma

Há algum tempo, um grupo na internet se vangloriava de dizer “simplesmente Angra”, referindo-se ao seu belo. Eu concordei. Hoje se tornou pejorativo repetir o jargão, pois a mídia só apresenta desgraça: o governador sendo Rambo sem resultado, bandos numerosos exibindo armas, páginas de jornais tendo como mídia de venda a desgraça humana e a Prefeitura se limitando a dizer está bombando com referência ao turismo – o que não é verdade. Como será nosso amanhã? Pelo menos razoável com certeza não será. Eu lamento profundamente, por tudo isso em meu município!
O turismo em Angra está sendo marginalizado pelo crescimento da informalidade com empreendimentos turísticos fora da lei. Todo o tipo de desajustados se encosta na marginalização do turismo e o que seria um grande destino turístico se torna desagradável e tende a falência, como está acontecendo. A presença do day use em massa é muito bem aceito no cais Santa Luzia, demonstrando o fiel testemunho ocular da decadência. Nenhum dos trades turísticos que compõem este município está satisfeito com o momento, a exceção do “baixo clero”, onde estão inclusos os agentes de turismo do day use.

O atendimento turístico está péssimo, caindo a cada dia ,muitos restaurantes baixando à qualidade, face ao custo benefício não compensar. O cliente já é outro, do tipo que só exige preço, não qualidade. Estamos de ladeira a baixo. A cultura, fator importante para o segmento econômico, já não existe, pois o município já perdeu sua identidade cultural, pela mídia de mau gosto dominante e pela invasão de outros costumes.

Centro cultural como o nosso, que desenvolveu vários projetos importantes, onde ainda há um funcionamento de eventos de alto nível sempre se realizaram, hoje se tornou “pomo da discórdia” por politicagem pífia e de resultado negativo ao turismo.
A política se desenvolve com parcerias harmônicas e de interesse comum, nunca com a prepotência de déspota. As associações de peso já estão se retirado das discussões por se sentirem derrotadas diante do populismo desenfreado, que encontra forte respaldo nos interesses políticos. Muitos vereadores e secretários de forma escusa abraçam esta causa ignóbil e assim se elegem ou são nomeados por força da ignorância de seu eleitor e desta forma “levado no bico” com facilidade.
Necessitamos de soluções em curto prazo, mas acredito que nem ao longo prazo seja possível reparar esse estrago. Infelizmente para Angra há evidencia na presença futura de piores dias.
O turismo quer: bom transporte que não represente risco e tenha respeito, bom tratamento, cultura que identifique o destino e, em especial, segurança nas ruas. Numa área como a nossa, na ilha, ainda requer-se respeito à natureza. Aqui se vende acima de tudo a natureza. Observem que as pousadas que oferecem a beleza natural ao turismo têm maior taxa de ocupação, mesmo em lugares de difícil acesso.
Nossa ilha, facilmente teria taxa de ocupação anual acima de 70%, se houvesse gestão compatível ao que merece. Mas como está, já se torna o paraíso do baixo clero. A queda em efeito cascata decorre de várias gestões. Aos olhos da Prefeitura, salvo um melhor juízo, possivelmente milagroso, parece muito bem aceito como está. Não é visto assim pelo turismo angrense.
Há poucos dias ouvi na mídia, que Angra poderia ser uma Cancun brasileira. Só se demolir tudo, trocar certos políticos, reeducar seu povo, resgatar sua identidade e depois reconstruir.
Este editorial encontra respaldo na voz do povo não politiqueiro, que ainda ama o município.

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