Por Karen Garcia
A produção de moda e artesanato na Ilha Grande se apresentou em diversas cores e formatos na I Mostra do Projeto OMAR, nos dias 14, 15 e 16 de dezembro. O evento, realizado pela Liga Cultural Afrobrasileira, no Centro Cultural Constantino Cokotós e Parque Estadual da Ilha Grande, na Vila do Abraão, contou com desfile para a exposição das roupas e acessórios desenvolvidos nas oficinas do projeto. Com foco na criação de produtos sustentáveis de moda, decoração e souvenir, as atividades do projeto utilizam sobra de tecidos, plásticos, madeiras e materiais recicláveis como matéria prima para a confecção de calças, cangas, blusas, bolsas, saias e bijuterias.
Sob a orientação da coreógrafa Carla de Lima, as alunas da Escola Municipal e Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega desfilaram com as produções das costureiras e artesãos da Ilha Grande. “Fiquei encantada com a produção das participantes na primeira exposição e me dispus a ajudar. Quando me propuseram produzir o desfile, aceitei na hora. Apesar do pouco tempo, as meninas foram maravilhosas e superaram o nervosismo para fazer bonito!”, comentou a ex-modelo internacional e moradora da ilha.
O episódio marcou também o encerramento das atividades do ano, que retornam no dia 16 de janeiro, dando continuidade aos trabalhos com moda e artesanato. O coordenador e estilista do projeto, João Carlos Firmo Tatayo promove de forma cooperada e participativa o desenvolvimento do projeto e de todas situações inerentes ao dia a dia dos artesãos.
“Fico muito feliz que as peças tenham agradado ao público, pois foram feitas com muito carinho”, declara Olívia, uma das alunas do projeto. A moradora comenta ainda que embora já tivesse conhecimento e contato com o artesanato, a moda foi uma grande novidade. “Para mim, o projeto foi uma oportunidade de preencher um tempo e fazer novas amizades”, afirmou.
Entre tecidos, conversas e linhas, a sede da Organização para a Sustentabilidade da Ilha Grande (OSIG) na Vila do Abraão funciona como um laboratório para o Projeto OMAR. O grupo, composto em sua maioria por moradoras da Ilha, desenvolve técnicas de customização, costura e tingimento. A faixa etária é abrangente, crianças, jovens e pessoas da terceira idade experimentam os benefícios da iniciativa que conta com o patrocínio da Enel Energia, através do edital Luz Solidária.
O projeto tem resinificado não só panos, fitas e botões, mas também, a rotina daqueles que participam da construção e trajetória da iniciativa. “Às vezes a gente acha que não tem mais nada para fazer na vida. Aí vem um projeto como esse, nos desperta e mostra que ainda é tempo de aprender”, comenta Maria Aparecida (Cida), de 52 anos.
Além de mexer com a autoestima dos moradores, o movimento tem representado um exemplo de mobilização social e integração entre os moradores. “O projeto preencheu uma lacuna importantíssima na Vila do Abraão. Fez crescer a harmonia entre as pessoas, trazendo de volta o diálogo e a cooperação. Foi um estímulo muito importante para as pessoas envolvidas em projetos”, analisa Nelson Palma, vice-presidente da OSIG. “A iniciativa se alinha com o espírito do Natal Ecológico, que é aproveitar tudo e consumir menos”, conclui.
Um dos pontos importantes é o fortalecimento da marca da Ilha Grande com produtos locais que valorizam a cultura. Além disso, a iniciativa se apresenta como uma oportunidade de especialização de mão de obra e geração de renda complementar.
Novo horizonte possível
Para Ana Clara Velasco, 24 anos, a questão do consumo e precificação de roupas foi um ponto de atenção. “Já faz um tempo já que não me sinto bem em comprar roupas caríssimas e que pouco eu me identificava de fato com elas. Acho que a forma como eu me visto é uma das maiores maneiras que tenho de me expressar. Então fabricar minhas próprias roupas é um sonho”, conta a aluna do projeto.
Outro ponto que chama atenção é a possibilidade de autonomia financeira que as oficinas trazem. Com as capacitações, os beneficiários têm a oportunidade de gerar renda a partir da confecção e desenvolvimento de peças de moda e artesanato. “Tudo que envolve arte é uma forma menos carcerária de ganhar dinheiro e fazer sua vida. Você é seu patrão, sua criatividade é sua ferramenta de trabalho”, continua.
A jovem declara ainda a importância da iniciativa para esse processo de emancipação. “Quando existe um projeto social disposto a te capacitar dessa forma a comunidade ganha muito. Entende? É um tom de liberdade e de empoderamento. No caso do OMAR as alunas são majoritariamente mulheres e, além do professor maravilhoso que nós temos, as mulheres se ajudam entre si, ensinam e aprendem umas com as outras”, afirma.
Rede de colaboração
O Projeto OMAR conta com apoio da OSIG, O Eco Jornal, Parque Estadual da Ilha Grande – PEIG, agências de turismo: Ilha Grande Transfer, Objetiva e Vila Nova, Doce Atitude, Restaurantes Bier Garten e Rei da Picanha, Pousadas Armação dos Anjos, Olhos D’Água, Albatroz e Só Natureza. Colabora também com a iniciativa a Prefeitura Municipal, através da Subprefeitura da Ilha Grande.
Ótima iniciativa!!!!!
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